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TENISTAS DO PARANÁ
21 de fevereiro de 2017 12:12
Foto: Jornal Tribuna do Paraná
Gisele Miró recebe homenagem no Rio Open 2017
Na abertura do torneio ATP, Gisele recebeu homenagem de Maria Esther Bueno. Acompanhe no link entrevista exclusiva à FPT

A segunda reportagem da série “Tenistas do Paraná”, produzida pela Assessoria de Imprensa da Federação Paranaense de Tênis (FPT), traz uma entrevista com a ex-tenista curitibana Gisele Miró, semifinalista de Wimbledon que com menos de 19 anos conquistou o ouro de simples e o bronze nas duplas no Pan de Indianápolis (1987).

Gisele foi também a representante brasileira nas Olimpíadas de Seul (1988), ocupando, naquela época, a posição 99 no ranking mundial e foi campeã de dezenas de torneios pelo Brasil e pelo mundo. Atualmente, ela atua como dirigente da equipe de voleibol do Clube Curitibano que está disputando a Superliga B, torneio de acesso à principal categoria do voleibol brasileiro.

Na última segunda-feira (20/02) a paranaenese Gisele, Teliana Pereira e outras tenistas que fizeram história no tênis brasileiro foram homenageadas na abertura do Rio Open 2017. Na ocasião, Gisele recebeu uma placa das mãos de Maria Esther Bueno, a dama do tênis brasileiro, a melhor tenista do mundo nos anos 60, detentora de 19 títulos de Grand Slam e integrante do Hall da Fama Internacional do Tênis.

“Receber esta homenagem das mãos da maior tenista de todos os tempos é certamente uma grande honra para mim”, disse Gisele após a cerimônia que aconteceu no Jockey Clube do Rio de Janeiro, na quadra principal do torneio ATP que acontece até domingo na capital fluminense.

Com uma história cheia de vitórias, Gisele enche de orgulho o tênis paranaense. Confira abaixo a entrevista que ela cedeu à Assessoria de Imprensa da Federação Paranaense de Tênis:

FPT: Durante a homenagem que vc recebeu de Maria Esther Bueno, bateu saudade de jogar profissionalmente?

Gisele: Graças à correria do dia a dia não tenho muito tempo para me lastimar de ter abandonado as quadras tão cedo. Eu tinha vitórias contra Arantes Sanchez e Jana Novotna que persistiram e acabaram chegando ao topo do ranking da WTA. Contra Patrícia Tarabini também, que foi 1 do mundo nas duplas. Mas não posso reclamar, o esporte seja ele qual for sempre fez parte da minha vida. Adoro competir. Receber esta homenagem das mãos da maior tenista de todos os tempos é certamente uma grande honra para mim. Foram muito poucas brasileiras no seleto grupo das top 100.

FPT: Você participou dos maiores eventos do tênis mundial, mas começou a carreira disputando os torneios estaduais no Paraná. Lembra de algum em especial?

Gisele: Joguei todos os torneios do Grand Slam, Olimpíadas, Jogos Pan Americanos e Fed Cup. Nas Olimpíadas de Seul fiquei entre as 16 melhores e fui Ouro individual no Pan de Indianápolis. Título que só eu e Maria Esther temos. Sem dúvida foi o meu resultado mais importante. Também guardo ótimas recordações do Aberto da República, WTA disputado na Explanada dos Ministérios em Brasília, que fui campeã, e o título internacional em Caserta, na Itália, torneio que sai do pré-qualifying. Nesse torneio tinham 3 tenistas que chegaram ao topo do ranking mundial. Nos torneios estaduais, venci todas as categorias juvenis no Paraná e no Brasil. Meu principal título paranaense foi com 12 anos, quando fui campeã adulta.

FPT: Como foi o início da sua carreira? Teve o incentivo da família?

Gisele: Comecei no Clube Curitibano com o Rómulo Destro aos 8 anos de idade. Antes eu competia natação pelo Clube do Golfinho. Com dois meses de treino entrei para a equipe do clube e com o apoio da minha família, não parei mais. Minha mãe viajava sempre comigo e meu pai foi aprender a jogar só para me ajudar nos treinos. Além do Curitibano eu treinava também com o Enrique Perez.

FPT: Quais as melhores lembranças que guarda do início da sua carreira? Hoje as suas filhas jogam tênis, certamente você deve incentivá-las bastante... é isso mesmo?

Gisele: Minha família era toda do vôlei. No início tive que convencer minha avó a me dar uma raquete. Assim que meus pais perceberam que eu levava jeito e estava levando a sério tive todo apoio que precisava. Eu adorava competir e graças ao tênis conheci o mundo inteiro. Tenho 3 filhas. A Isabela que seguiu meus passos, a Daniela que já integrou a equipe brasileira de hipismo e a Rafaela, que adora esportes mas não gosta de competir. Cheguei a jogar duplas ao lado da Isa algumas vezes. Não sei se existiu outras duplas de mãe e filha no circuito profissional, mas nós fizemos juntas uma semifinal e uma final de ITF.

FPT: Como foi o período de transição do junior para o profissional? 

Gisele: A transição do junior, onde fui a 3a no ranking da ITF com diversos títulos e uma semifinal em Wimbledon, foi tranquila para mim. Desde os 15 anos eu já jogava alguns torneios profissionais. Sinto-me honrada de ter feito parte de uma geração com tantas jogadoras espetaculares. Martina Navratilova, Chris Evert, Steffi Graf, Gabi Sabatini. Todas jogavam tênis num nível altíssimo. Fui número 1 do Brasil e top 100 da WTA. Poderia ter chegado num ranking melhor, mas eu gostava de jogar os principais torneios, nunca corri atrás de ranking jogando torneios mais fracos.

FPT: Hoje vc está atravessando uma nova fase na carreira esportiva, como dirigente da equipe de voleibol do Clube Curitibano. Está feliz? E o time, como está?

Gisele: Adoro vôlei, sempre foi meu segundo esporte. Aos 16 anos fui escolhida a melhor jogadora do Paraná. Agora retornei como dirigente com a difícil missão de resgatar o esporte na nossa cidade. Nosso time foi o último a ser formado para disputar a Superliga B e apesar do pouquíssimo tempo, temos cumprido nosso papel. Dia 22 jogaremos em casa contra nosso provável adversário nos playoffs. Dia 4 de março estamos nos organizando para receber um público ainda maior para o jogo contra o time do Zé Roberto, técnico da seleção Brasileira. Para próxima temporada, com tempo e maior apoio de patrocinadores, pretendemos entrar para brigar pelo título.

FPT: Se pudesse voltar no tempo, faria algo diferente?

Gisele: Não sei se diferente, mas certamente faria tudo bem melhor. Fui um tipo de pioneira no Paraná, nunca ninguém tinha chegado tão longe. Como minha família não era do tênis cometemos pequenos erros que custaram caro. Mesmo assim eu acho que se tivesse persistido poderia ter chegado bem mais longe, mas aí não teria minhas 3 filhas que amo tanto. Então acho que tomei a melhor decisão.

FPT: Você acompanha o tênis paranaense?

Gisele: Cheguei a acompanhar quando minha filha jogava. Ele foi campeã paranaense e brasileira como juvenil. Sempre tivemos ótimas promessas que acabaram não vingando. Não é fácil, o esporte competitivo exige muita dedicação.

FPT: Sobre o episódio do desentendimento com o treinador da equipe nas Olimpíadas de Seul, o que aconteceu naquela oportunidade? Você ainda era bastante nova, acha que se tivesse mais experiência talvez teria sido diferente?

Gisele: Eu tentei levar um dos meus técnicos mas tive que acatar a decisão do COB de levar um técnico só para o masculino e para o feminino. No caso eu era a única brasileira na chave. Eu havia ganho da Hellen Kellesi, canadense e número 13 do mundo na estreia. Ela tinha acabado de derrotar a Sabatini numa final de WTA. Foi o melhor jogo da minha vida. O que você acha do seu "técnico" ir fazer compras no dia seguinte e esquecer de treinar com você? Fiquei esperando a tarde toda. Na época não tinha celular! Bati bola com o Goran Ivanisevic que era meu amigo e desde aquela época sacava a 200km por hora, colocava uma bola dentro e duas fora! Não tive o ritmo necessário nem a preparação adequada para enfrentar a Catarina Maleeva, 9 do mundo. Mesmo assim fiz um bom jogo e tive algumas boas chances.

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