Durante a Conferência Regional de Treinadores ITF, entre os dias 1 e 3 de novembro, no Clube Curitibano, palestrantes proporcionaram aos presentes uma perspectiva diferente sobre treinamentos de tênis, cultura do esporte e questões técnicas.
Uma das especialistas presentes foi Layla Aburachid, professora da UFMT, com foco de pesquisa em metodologia de ensino-aprendizagem-treinamento técnico e técnico, processos cognitivos do esporte e testes psicométricos. Layla também é líder do GEMEPE, o Grupo de Estudos em Metodologias de Ensino e Psicologia do Esporte.
Ao longo de sua carreira acadêmica, ela também desenvolveu programas de ensino via Iniciação Esportiva Universal, Escola da Bola, o Teaching Game for Understanding e o Método Pendular do Treinamento Técnico aplicado aos esportes de raquete. Dentro do tênis, foi atleta juvenil, preparadora física e também pertenceu à Seleção Brasileira de Badminton.
Em sua palestra, Layla tratou do conhecimento tático declarativo no tênis, otimizando o treinamento e uma melhor avaliação dos atletas. Falamos com ela ao fim do terceiro dia de evento. Aqui está a conversa:
Quais palestras você viu na Conferência? O que mais te agradou?
Layla Aburachid: Gostei muito da insistência dos palestrantes em incutir na cabeça dos participantes a necessidade de se pensar no planejamento das aulas. O Miguel [Crespo] falou há pouco que os treinadores executam tarefas e ações com seus atletas, mas não sabem por que estão fazendo. Muitos fazem isso. Às vezes dá certo. Pode até dar resultado, mas muitos deles agem como se estivessem copiando. É preciso internalizar o objetivo, dá mais retorno.
Como você poderia resumir o conceito do conhecimento tático declarativo no tênis?
É um processo cognitivo que está ligado a vários outros processos. Na verdade, a gente precisa de memória e conhecimento no esporte, ao longo dos anos. Para ele ser treinado e estimulado, precisamos ensinar os atletas a perceberem melhor os sinais relevantes do jogo. Essa percepção e a tomada de decisão estimulam o HD, digamos assim. O conceito prático seria um HD externo, simplificando, voltado às ações práticas de jogo.
E qual é o impacto que isso causa nas rotinas de treinamento, na sua opinião?
A capacidade física já foi muito bem explorada. A preparação já atingiu patamares legais. E a capacidade técnica, por meio de estudos na biomecânica, também acompanha essa evolução. Sinto que, cientificamente, os treinadores não aproveitam o que tem sido estudado em conhecimento tático, em percepção, principalmente. O que falta é ver o que fazemos na academia ser absorvido e utilizado, na prática. É esse impacto que quero ver dentro de alguns anos.
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