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FPT 69 ANOS
29 de janeiro de 2019 15:43
Celso Percegona: Décadas e décadas de amor pelo tênis
Percegona se dividiu entre a gestão e a carreira de atleta nos anos 1970

Na última sexta-feira, a FPT foi até a sede do Graciosa Country Club para uma boa e longa conversa com um de seus ex-presidentes mais marcantes. Em mais de uma hora de papo, ouvimos as melhores histórias de Celso Percegona, que passou pela entidade nas décadas de 1970 e 80.

 

Celso nos recebeu como grande anfitrião que é, e até conduziu uma visita a uma das quadras do Graciosa, onde pudemos ver as modernas instalações e arquibancadas ao redor. Aquele lugar, em especial, tem tremenda importância na carreira de Gustavo Kuerten, como contou Luiz Sperandio no último texto dessa série de entrevistas. Afinal de contas, uma semana antes de iniciar a sua jornada em Roland Garros, Guga passou pelo Graciosa para disputar a Embratel Cup, como azarão. Saiu de lá campeão e motivado para brilhar na França.

 

De 1974 a 79 e de 1988 a 89, Percegona foi um presidente que esteve constantemente envolvido na cena do tênis paranaense, e não mediu esforços para deixar um legado importante. Eram tempos diferentes, contudo. Para se ter uma ideia, Celso citou um torneio de 5ª classe que durou meses, por contar com mais de 300 tenistas. Algo que, no século XXI, parece impensável, já que eventos duram uma semana, no máximo.

 

Durante a conversa, tivemos uma boa ideia de como Celso viveu do tênis, não só como dirigente, mas como atleta: antes de completar 25 anos, assumiu a presidência da Federação e se dividiu entre a carreira como tenista.

 

Mas Celso não era um atleta comum: entrou para a história como o primeiro paranaense a rankear pela ATP. Aos 15, começou a jogar e só parou de jogar simples recentemente, priorizando apenas a disputa em duplas. Nesse intervalo, foi 13 vezes campeão sul-americano, uma marca de respeito para qualquer tenista do continente.

 

Essas e outras histórias, você confere em resumo abaixo:

 

O projeto para a sede própria da Federação

Na segunda gestão de Percegona, a Federação ainda funcionava em uma pequena sala alugada, mas havia um grande projeto para que a sede tivesse uma instalação completamente voltada para o tênis, de maneira que contasse com um bom número de quadras para diversas atividades.

 

“Estive com o governador do Paraná e com o Jaime Lerner, várias vezes, mas não deu. Se conseguíssemos construir essa sede, com pelo menos dez quadras, viabilizada por patrocínios em banners e outras formas. Faríamos todos os torneios lá, além de clínicas de tênis, exibições, convocações para juvenis em destaque, além de ter bons técnicos e professores circulando por ali. Mas não tive representação política para isso. Acabei deixando para o Miguel Nasser, que tinha boa relação com a Prefeitura. Passei o cargo a ele, com a esperança de que seguisse esse projeto. A ideia era que a Federação não precisasse depender de ninguém, que tivesse vida própria”, contou Celso.

 

A entrega e a dedicação

Formado em três faculdades, nos cursos de Administração de Empresas, Psicologia e Educação Física, Celso se manteve focado nos estudos (inclusive começou os dois primeiros cursos nos Estados Unidos, na Appalachian State University) para poder atuar em competições como o Brasileiro Universitário, até completar 28 anos, idade limite. Curiosamente, ele jamais seguiu em nenhuma dessas áreas: por conta do falecimento do pai, em 1986, teve de cuidar dos negócios da família e seguiu nisso até a presente data. Antes disso, também passou pelo Santa Mônica e pelo Graciosa como supervisor de tênis.

 

Para se envolver com um cargo tão importante, era preciso muita dedicação especial a uma Federação que cuidava de um esporte que crescia muito nos anos 1980.

 

“Na época, éramos a terceira força do tênis brasileiro, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro. Disputávamos torneios de Integração Nacional e sempre ficávamos entre os primeiros. Precisava de boa vontade. Por exemplo: tínhamos reuniões semanais na Federação e nessas ocasiões determinávamos quem eram os inscritos, depois que recebíamos essas informações pelo clube. Sobrevivíamos dessas inscrições em torneios. Claro que tínhamos funcionários, mas às vezes eu tirava dinheiro do meu bolso para pagar contas, tinha de correr atrás. Nessa época não tínhamos sistema e nem recursos para isso. Nessa função, você se estressa. Chegou a ter pai de tenista me ligando à uma da manhã!”, explicou.

 

A manifestação do amor pelo tênis

“Sempre gostei muito de tênis. Eu estudava no Santa Maria e sempre pratiquei esporte dentro do colégio, fazia atletismo, depois comecei com o basquete, amador, joguei pelo Thalia, pelo Coritiba e posteriormente pelo Círculo Militar, como juvenil. Eu tinha uma mão boa, era armador, até porque não tinha tamanho para ser pivô. Entre um treino e outro, peguei uma raquete do meu irmão, me apaixonei e desde então não parei mais. Tem que gostar muito para praticar tênis hoje. Se não gostar, esquece. E sei que é muito difícil alcançar um bom nível, então as pessoas desistem, não estão dispostas a fazer esse sacrifício. Em geral, precisa-se de dez anos para poder ser campeão pela primeira vez. Sem luta, sem sacrifício, você não consegue nada.”

 

Por fim, a experiência de estar na mesma mesa de Celso é enriquecedora. Poucos no tênis paranaense podem contar o que ele viu e viveu em mais de 50 anos no esporte, seja como presidente, como atleta ou como entusiasta. Uma prova viva de que a raquete é só para quem está disposto a se dedicar a ela. Os tempos românticos ficaram para trás, certamente, e hoje existem muitas outras atividades que brigam por espaço com o tênis. Mas se depender dele e de quem respira essa modalidade em cada clube, a prática sempre vai ser valorizada como estilo de vida e de cultura como é.

 

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