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FPT APRESENTA
26 de julho de 2019 10:45
FPT Apresenta: Loedelane Campos Jorge
Fundadora da ATM juntamente com o marido, Loedelane bateu um papo com a FPT

A Academia de Tênis Maringá é uma das sedes e realizadoras do Interclubes Paranaense de Classes, o maior evento por equipes do Brasil, quiçá do mundo. Lar de muitas famílias de tenistas maringaenses, a ATM tem uma missão diferente de muitas das academias do Paraná. Não se trata de competir, mas sim de aprender a amar o tênis como esporte e experiência.

 

Durante o primeiro dia de torneio, sentamos para conversar com quem fez isso acontecer nas últimas duas décadas: Loedelane Campos Jorge, que fundou a ATM juntamente com o marido, em 1992, em outros tempos bem distintos para a modalidade. Loede, que veio do vôlei, confessa que o início no tênis foi complicado, mas a paixão tomou conta e envolveu a sua vida.

 

Veja o grande bate-papo que tivemos com ela, contemplando lições importantes para quem está começando e para quem deseja estabelecer sua vida com a raquete dentro de quadra. É muito mais do que ganhar pontos, é absorver todo um espírito de amizade, união e respeito, o que faz do local a segunda casa para muitos atletas da cidade.

 

FPT: Como e quando foi o início da relação com o tênis?

Loedelane Campos Jorge: Meu marido era apaixonado pelo esporte. Eu jogava para acompanhá-los. Mas eu não me alinhava muito com os tenistas, era muito chato para mim, já que vim do vôlei. Não podia torcer, não podia bater palma entre um ponto e outro. Eu não gostava. Daí ele resolveu abrir uma academia de tênis, em 1992. Ele falou: “Você toma conta seis meses, aí eu me aposento e cuido”. Era dele o projeto. Falei: tá. Eu não sabia o que era smash, o que era top spin! Não sabia nada! E como eu sempre tenho de saber onde estou me metendo, fiz cursos e aprendi a gostar. Aprendi a ganhar troféus, como academia. Não eu, a equipe. Nós tínhamos muitas crianças jogando, começamos a ganhar sempre. Só que meu marido nunca aposentou!

 

Mas você jogou tênis em algum momento? Ou só fez aulas?

Fiz, por uns dez anos. Mas não disputava torneios. 

 

Que tipo de aprendizado você levou para fora da quadra?

O tênis mudou muito! Antes você não podia transitar pelos corredores, não importava quem estivesse jogando. Iniciante ou profissional, ninguém podia levantar da arquibancada, andar por ali, não podia nada. Só podia aplaudir os pontos, e isso é chato. Para quem veio do vôlei, então! Mas mudou. Hoje, no Brasileiro, as chamadas de jogos são feitas dentro da quadra, e as crianças não escutam! A concentração, atualmente, é muito maior dentro de quadra. Pessoas transitam nos corredores. Isso nos torneios amadores, claro. Ninguém vai parar o jogo porque tem gente passando. Evoluiu muito nesse aspecto.

 

E que papel vocês da ATM tem no cenário do tênis, a seu ver?

O que nós ensinávamos em matéria de tênis para quem atuava na área foi o respeito. É tratar o cliente como cliente. Você chegava em um clube para jogar, não tinha quadra arrumada, guarda sol, bar para tomar alguma coisa. Não tinha nada! Era assim antigamente, quando nós entramos era assim. Cansamos de entrar na quadra e arrumar tudo. “Ó, professor, é assim que você tem de arrumar a quadra para o cliente, ele está pagando. Está pagando por um serviço que você não está prestando”. Eu não apanhei muitas vezes nisso porque era mulher…

 

O que mais mudou nesses 27 anos?

A didática. Antes ninguém sabia regras de tênis. Cada clube tinha a sua regra, aqui em Maringá era assim...

 

Você sente que o tênis está se abrindo para outras classes sociais? O que você vê nesse sentido?

Nossa clientela mudou muito nos últimos anos. Não tanto em termos financeiros, acho que ninguém jogava tênis achando que só podia jogar quem era de elite, ou que era necessário ter pedigree. Mesmo na área de competição os pais priorizavam a vida competitiva. Hoje eles priorizam a escola. Nós saímos disso. Nós já competimos muito, mas hoje não temos mais alunos com esse perfil. Temos alunos de três anos aqui. Eles acompanham os pais, seguem o exemplo, chegam aqui querendo participar, arrastando raquetes. São exemplos que as famílias dão e eles seguem. 

 

E qual é o perfil dos tenistas da ATM hoje em dia?

Nós temos muitas famílias, isso é que é o mais legal. Marido, mulher, filho, um vai trazendo o outro. Tanto que não fazemos propaganda. Sempre um acaba atraindo o outro, porque gosta. Ensinar tênis mudou muito, e quando abrimos aqui, eram aulas individuais nas quais a pessoa aprendia os fundamentos e não a jogar. Jogavam com a bola do professor. Então, quando enfrentava um outro aluno, com outra bola, ele não sabia jogar. Mudou agora para aulas em grupo, eles jogam uns contra os outros, em duplas. Isso motivou muito as pessoas, é divertido! Antes não era! Você repetia direita, esquerda, direita, esquerda, saque, voleio, e vai embora. O que dá pra tirar disso? Nossa função maior é ensinar as pessoas a gostar de tênis.

 

Como os alunos levam isso para fora da quadra?

A gente não ensina só eles, também trabalhamos com os pais e como eles torcem pelos filhos. Quando as crianças começam a competir, você precisa ensinar os pais a torcer! Eles começam agressivos, contra os pais da outra criança, daí falamos para eles: não faça isso, pois é seu filho que está jogando e ele vai enfrentar as mesmas pessoas até os 18 anos. Então é um ambiente ruim que você está criando para ele.

 

Em outros esportes, há a cultura de ganhar no grito, da malandragem. Por que isso não acontece no tênis, a seu ver?

Porque o tênis é um esporte individual, né. A pessoa fica marcada se rouba uma bola. Todo mundo vai saber que ela fez isso. Não pode acontecer isso no tênis. O tênis é muito legal. 

 

Em geral, que satisfação vocês têm de trabalhar com todas essas pessoas desde 1992?

Não há nada melhor do que proporcionar isso para as pessoas. Eu funciono sempre como a coxia, abro a cortina para as pessoas aparecerem. Eu não preciso aparecer. É muito legal você fazer um campeonato como esse do Interclubes, ou mesmo um interno. É uma euforia! Isso você absorve! É um clima gostoso. Aqui na ATM eu considero minha casa, meus clientes são minhas visitas. São hóspedes, são famílias que aparecem aqui. Eu gosto do ambiente que a gente conseguiu criar aqui. Nossos professores foram criados aqui dentro, uns como jogadores, outros como boleiros, que cresceram aqui e sabem do nosso espírito, que não rola malandragem aqui. Aqui não pode jogar raquete no chão. Essa mudança foi substancial! Aqui temos mais do que treinadores, temos mães, pais. Pode aqui o que pode dentro da minha casa. 

 

O que me dá maior satisfação é quando o pai que foi criado aqui traz o seu filho para jogar, ainda quando criança. Ele traz o filho aqui porque acha que é um lugar decente, que o filho cresce sabendo respeitar as pessoas. Quando alguém que foi nosso aluno desde criança, cresce, forma sua família e volta aqui com os filhos, é algo que nos move. É isso que nos deixa felizes. 

 

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