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COLUNA PSICCOM
27 de agosto de 2019 09:54
Coluna Psiccom: Desapego do seu filho tenista
Texto desta semana de Paulo Penha trata sobre a relação dos pais com os filhos tenistas

Por Paulo Penha / @psicologodoesporte.paulopenha

 

O foco desta coluna é voltado para os pais dos tenistas. Antes de mais nada, é importante lembrar que um pai nunca se desassocia de seu filho. No entanto, quando se fala da carreira de um atleta, o tenista geralmente começa a desenvolver sua trajetória no esporte ainda criança. Há um investimento que começa no equipamento comprado, na ótima escola de tênis com o melhor treinador, então o jovem atleta avança da escolinha para uma equipe de treinamento, na qual é exigido um novo investimento. Nessa fase, começam competições mais elaboradas fora da cidade e os pais seguem apoiando financeiramente, acompanhando seus filhos, levando-os aos treinos, acordando de madrugada, ficando nos hotéis, dando todo suporte que é necessário para que seu filho se transforme em um grande campeão. 

 

Quando percebe, você já não está tratando o seu filho como filho, você corre o risco de estar tratando-o como um investimento, apenas como um atleta de alta performance, e que você se coloca muitas vezes como se fosse um empresário. É nesse momento que começa o grande problema: o atleta já tem em sua equipe um psicólogo, um nutricionista, um fisioterapeuta, um preparador físico, um massagista e principalmente seu técnico, que tem a missão de estar constantemente com ele, aprimorando suas técnicas e sendo duro muitas vezes. 

 

Aí o que acontece? Esse atleta, ao terminar o treino, pensa: “Acabou o treino, acabou colégio, acabou faculdade, acabaram todos os compromissos do meu dia, agora vou para casa relaxar”. Só que esse atleta chega em casa e ouve o seguinte: “Ei, filho como você foi? Conseguiu aquele...? Conseguiu fazer aquela...? Conseguiu fazer ...?” e afins. O  filho, nesse momento, se vê em uma posição complicada ao chega em casa sem conseguir descansar, ouvindo muitas exigências e cobranças, o que desencadeia um aumento no nível de estresse. Essa situação possibilita a probabilidade de desenvolver a depressão, com o aumento da ansiedade e muitas vezes a insatisfação. Pode começar a ocorrer muitas brigas, discussões e isso vão minando toda felicidade e harmonia da família. 

 

É aí que entra nosso papel, para que a gente não perca o atleta e todas as possibilidades que ele poderia vir a ter como tenista. O que se deve fazer como pai e mãe? Simplesmente nos afastarmos, desapegarmos desse filho atleta, voltarmos a considerá-lo apenas como aquele filho que você acompanhou nascendo lá na maternidade, acompanhado seu crescimento, o dentinho que caiu, etc. É nesse momento que você tem que lembrar, meu filho é meu filho, é carinho é amor... O ideal é simplesmente analisar como foi o treino hoje, se está preparado ou não. Exemplo: “filho você quer que a mãe vá com você na competição?”, “Filho, você quer que o pai te acompanhe durante um treino?”. O ideal é perguntar, acompanhar, mostrar curiosidade e interesse, mas nunca exigir demais.

 

Então é importante ficarmos atentos a esses aspectos, e que fique claro que desapegar do seu filho é simplesmente respeitá-lo mais ainda na fase em que ele se encontra, visto que ele está numa trajetória de alguns anos e conseguindo resultados muitos bons. Nós temos que nos voltar para um olhar mais próximo ao dos torcedores e não cobrar como um treinador, porque nós não somos treinadores. Permita que seu filho se desenvolva no ritmo dele, torça por ele, vibre por ele, ajude ele no que for necessário, mas desapegue um pouco!

 

Para qualquer dúvida, Paulo Penha está à disposição por meio do Whatsapp (41)99108-4243.