Matéria original na FPTinMagazine de agosto de 2019
No tenista da semana dessa vez, vamos levar o olhar do público a uma modalidade que ainda está em desenvolvimento: o Tênis em Cadeira de Rodas. Cristiano Brito pratica tênis desde os 16 anos, um acidente acabou mudando sua rotina, mas a paixão pelo esporte o fez continuar praticando.
Algum tempo depois da grande mudança em sua vida, o atleta retornou, mais forte do que nunca, e com uma vontade inesgotável de experimentar o que de melhor o mundo das raquetes tem a oferecer. Cristiano tem participado de eventos internacionais, nacionais e foi campeão paranaense em 2018.
Os torneios de tênis em cadeira de rodas iriam iniciar em 2020 no mês de abril, porém devido a pandemia do corona vírus, ainda não foram disputados torneios esse ano. Em 2019, Cristiano chegou ao seu melhor ranking: 239 do mundo e 16 do Brasil. Conversamos com ele para trazer um pouco da rotina e dos desafios que ele encara. Confira abaixo:
FPT: Quando e como começou sua relação com o tênis?
Cristiano Brito: Minha relação com o tênis vem de longa data, antes do meu acidente, quando eu era andante. Comecei aos 16 e joguei dois anos. Sempre quis voltar, mas por ironia do destino só consegui retornar depois que me acidentei. Aceitei essa oportunidade, voltei e agora não paro mais! Fazia muita falta, eu adorava, e acabei parando. Me arrependo disso, certamente. Mas foi boa essa volta, pois é um esporte maravilhoso e faz bem para a saúde, para a cabeça.
Além dos desafios óbvios, que barreiras você teve de superar para continuar praticando tênis enquanto cadeirante?
Acredito que é mais uma questão de local de treinamento, ter onde praticar. Parece que os treinadores ainda têm um pouco de receio, por não conhecerem sobre o assunto. Se você for ver bem, é a mesma coisa, o mesmo esporte. Conforme vamos evoluindo no treino, o treinador vai pegando o jeito, adaptando, a gente se entende. Mas ainda é uma barreira. Foi difícil no começo para arrumar um lugar para treinar, só tínhamos um projeto de quadra na PUC, mas a treinadora foi para a Itália. Calhou de eu conversar com o Duda [Marcolin], ele acolheu e até hoje estou lá com eles. As inscrições de torneios ITF também são um empecilho, os torneios oferecem alimentação e hospedagem, porém o custo das inscrições e de passagem acaba sendo uma barreira.
Como você se prepara para competições nacionais e internacionais?
Treino todos os dias, faço uma hora por dia, mas acho pouco. Mas por ser todo dia e eu treinar sozinho, rende legal. Pretendo marcar mais jogos adiante, é bom para ganhar ritmo. E também faço musculação.
Que recado daria a outros tenistas cadeirantes que não encontram motivação para praticar o esporte?
Tem um pessoal que às vezes cai de maneira aleatória no esporte. O tênis é muito difícil! É muito concorrido, não tem divisão de classe, então eu acho que para começar, é preciso amar o tênis. Não adianta ficar com a ideia de conseguir bolsa, de ir para uma Olimpíada. É preciso gostar, ter paciência, o resultado vem aos poucos, é um caminho longo a se percorrer, e sobretudo porque não tem divisão de categoria, ainda. Quem sabe mais adiante, mas não agora. Não é algo que você treine em dois meses, e depois saia ganhando, fique bom nisso e conquiste títulos.
---
A Federação Paranaense de Tênis conta com o patrocínio da Decathlon, Artengo e Sandever e o apoio da Murano e do Governo do Estado do Paraná.
Assessoria de Imprensa
imprensa@fpt.com.br
41 3365-2404